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Em 2009, desejo que todas as pessoas do mundo substituam as perguntas:
- E namoradinho? Já tem um?
- Já sabe que faculdade vai fazer?
- Já casou?
- Mas bonita desse jeito? Solteira porque quer, né?
- E os filhos? Tão encomendando?
- E os netinhos, quando vêm?
- Pra quando as bodas?
Por:
- De que cor está seu dia hoje?
- Qual sua sobremesa preferida?
- Que forma você enxerga naquela nuvem?
- Você já viu uma estrela cadente?
- Quem é a última pessoa em quem você pensa, antes de dormir?
- Você já tentou frear o carro com o pé esquerdo?
- Você guarda cartas escritas à mão?
* trecho da música "Todo futuro é fabuloso" de Bazar Pamplona
Criei um documento entitulado "Pedro diz". Trata-se exatamente disso. Pedro diz coisas lindas que merecem ser registradas e é criminosamente modesto demais para publicá-las no blog. À medida que a lista vai crescendo, eu imagino que se transforma num daqueles livrinhos de sabedoria. Desses que geralmente ficam no balcão de algum restaurante indiano. Enquanto você paga a conta, a simpática senhora no caixa a convence a abrir uma página. Você fica sem graça com a situação porque está sendo coagida a reanimar o fio de esperança necessário para investir nesse minuto, nesse bom presságio. Ela sorri, elucidativa, enquanto empurra o livrinho pra você, como se você não tivesse escolha já que a máquina do VISA ainda está ocupada. Você torce pra que não saiam frases do tipo "plante mais árvores". Há dias tão cinzas que tudo que você espera é que um livro desses te surpreenda com um "derrube duas árvores".
Ainda não há uma edição impressa de "Pedro diz". Na realidade, o documento não tem mais do que uma página. O documento também existe porque Pedro não está diuturnamente online. Então eu uso a mão do lado intuitivo para escolher uma frase. Fecho os olhos e a ponta do meu dedo direito pressiona alguns pixels na tela iluminada do Word. Abro os olhos e está lá. Uma frase mágica e a marca da minha digital engordurada no monitor.
"Tenho tantas saudades desse seu disco riscado", Pedro diz. E ainda assim, tão descontextualizado, faz minha alma iluminar-se.
Não é só o fato de colher elogios aleatórios, admiração sincera, exaltações variadas. É mais positivamente pelo fato de que, pela primeira vez, todas as demonstrações de Você está linda, mudada, diferente! antecedam a mesma pergunta "você está amando, namorando?" seguidas pela mesma resposta que acompanha um sorriso franco: "não, não estou".
Escrevia as coisas mais humanas quando estava em profundo estado de tristeza. Seus admiradores torciam sigilosamente pra que tivesse uma vida miserável.
Se tudo acontece por uma razão, ela é capaz de ser tu, Fá.
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