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A minha maior preocupação ao sentar em bancos reservados não é a obrigação de ceder o lugar à uma gestante ou um idoso. Meu maior medo é o de cometer um erro de julgamento... de ofender uma mulher apenas um pouco acima do peso... de ofender apenas um homem maduro com cabelos precocemente grisalhos. Faço um tremendo esforço pra não dar nas vistas minha avaliação minuciosa. Observo com cuidado. E levantar-me do assento às vezes é uma decisão com uma carga de deveres emocionais muito intensos. Imagino se às vezes não é uma maior gentileza permanecer sentada. Provando pra pessoa de pé à minha frente que ela é uma pessoa de evidente vigor, a quem ninguém jamais se atreveria a associar qualquer espécie de fragilidade. Faço isso imaginando a remota possibilidade de estar diante de algum neurótico. Imagino que uma dessas senhoras, depois de dizer "obrigada", questionam mentalmente "ela me considera gorda, velha ou aleijada?" São pessoas que dividem comigo duas ou três estações da linha vermelha, vinte ou trinta minutos da 9 de julho. Pessoas que provavelmente eu nunca mais verei na vida e que ainda assim, me fazem pirar sobre o uso responsável de um banco de cor cinza. Exato. É como me comporto com completos estranhos. Agora, procure compreender e imagine se eu seria mesmo capaz de algum dia ferir intencionalmente justo você.
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