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- Alô? Vinícius?
- Oi?
- Isabel, tudo bem?
- ... oooooi, Isabel...
- Pode falar?
- Posso, posso...
- Eu sei que você não ia ligar, então liguei eu.
- Magina, Isab...
- Mas se eu fosse você, eu também não ligaria. Eu sei que não causei lá aquele impacto ontem à noite. Por isso acho que você deveria me dar outra oportunidade. Eu preciso provar que eu não sou só uma garota que abre um sorriso fácil depois de três drinks coloridos de vodka. E se é essa a impressão que você tem, você está completamente enganado. E eu não posso permitir que um homem seja tão bonito e tão enganado. É pecado.
Ele ri.
- É mesmo? E o que eu deveria saber sobre a Isabel que eu não conheci ontem?
- Bem, pra começar, ela gostou de você. E isso já não se deve ignorar. Ela gosta de um monte de bandas legais, mas admite pra poucas pessoas que adora ouvir Roxette de vez em quando. Se um dia você souber disso, é porque é de confiança.
- Ace of Base. Só ouço no K7, assim nenhum registro de last.fm me denuncia.
- Viu só? A gente precisa se ver de novo. Sabe quando você entra numa loja e o funcionário te convence a olhar melhor a mercadoria sem compromisso? Pensa que é quase isso. Na pior das hipóteses, será uma tarde bem gasta tomando uma cerveja e ouvindo sucessos de Roxette e Ace of Base.
- É, isso nunca poderia ser ruim.
- Claro que não. E de papo, acredite, eu sou muito boa. Posso falar de teoria do caos e cocô com o mesmo entusiasmo. Eu ainda sei o truque de fazer a moeda sumir, estralo o maxilar, imito pelo menos 3 personalidades. Não tem como você ficar entendiado, eu juro, você não tem nada a perder.
Ele ri. Escolhe as palavras.
- Que coisa louca, isso. Louca e boa, na verdade.
- Se é boa, justifica toda a loucura. Eu acho.
- Isabel... por favor, diga que pode me encontrar ainda hoje.
Silêncio.
- Ahn? Hoje?
- É, quanto antes melhor. Você me deixou ansioso pra te ver de novo.
- Hummm... ansioso? Por que?
- Como por que, Isabel, você convence qualquer homem do que quiser. Eu mesmo, pra minha surpresa, tô morrendo de vontade de te ver. AGORA.
- Pra sua "surpresa"?
- Não... espera, não entenda nada errado... é só que realmente, achei que ia ser só um lance de balada, mas você está certa, eu realmente a subestimei... pode até ser precipitado, mas eu estou quase convencido de que você é tudo o que eu procurei a minha vid...
- Peraí, rapazinho... você tá querendo dizer que eu te ganhei pela insistência, é isso? Que eu não sou tão atraente e preciso de argumentos pra conquistar as pessoas? É isso?
- Você tá louca? Eu não disse nada disso, eu só sei que agora...
- Pois fique sabendo que eu sei me colocar no meu lugar, que eu sei bem que química não é algo que se pega no tranco.
- Isabel, você bebeu? Do que voc...
- Olha aqui, Vinícius, se você não soube dar valor quando teve a oportunidade, sinto muito. Eu sou uma mulher fantástica que não precisa correr atrás de homem nenhum, muito menos ficar adulando marmanjo pra um encontrozinho. Fique aí, regulando essa mixaria.
Mudo.
Vinícius, não o telefone.
* título livremente chupado de Felipe Lacerda.
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