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"Quando eu era pequeno, achava que era grande. Quando eu cresci, eu encolhi"*

por the fazz, em 29.04.10

Ele nasceu durante meu hiato de 10 anos no Juazeiro do Norte. Esse é o nosso primeiro encontro. Agora ele já tem 8 anos e está me observando com um olhar curioso. Mas é família, e devo acrescentar, família nordestina. Isso quer dizer que a gente já se gosta só pelo cheiro. Aos poucos, trocando as primeiras palavras, começo a compreender que o enigma nos seus olhinhos está longe de envolver somente as curiosidades inerentes sobre a prima da cidade grande (que era somente um nome até então). É uma investigação séria sobre algo que só uma incógnita genuinamente infantil poderia suscitar.

- Ei... quantos anos tu tem?


- Vinte e oito.


- EITA! - ele lança impiedoso. Graças à grande distância do período da minha TPM, eu encaro com graça a inevitável franqueza de uma criança.

Mas o ponto de interrogação ainda não se apaga do seu rostinho alvo. Com uma expressão ainda mais confusa, ele investe uma nova pergunta:

- Tu é jovem?

Aí está. Olho ao meu redor e compreendo defintivamente que é mesmo difícil me catalogar. Eu não sou como os outros primos pequenos, e também não pareço sua mãe. Eu sou muito grande pra ser uma criança e muito solteira pra ser gente grande.

- Jovem? Acho que sim. Espero que sim.

Ele abriu um sorrisão, ainda cheio de dentes de leite. E eu acompanhei como num bocejo. Resta ainda uma última dúvida. Ele tá pronto pra encerrá-la:

- Qué dizê que tu pode brincar com a gente?


- Sim. Claro que posso.


- Então bora brincar de algo que criança e jovem pode brincar.

E aí, colega, entenda que se você aceitou o desafio de ser jovem, você não tem a obrigação que teria uma criança de gastar toda a sua energia tentando alcançar a velocidade da luz. Mas espera-se um pouco de esforço da sua parte. Pelo menos, um pouco mais do que investiria alguém que faz parte da tag "gente grande".

 

 

* Trecho da música "Do you remember Laura", da lindíssima Lulina.

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publicado às 02:49

"A gente combina"

por the fazz, em 20.04.10

- Bom dia, mocinha.

 

- Gente, você já ligou mesmo?

 

- Hummm... isso é ruim?

 

- Não, não é. Eu tô feliz que você tenha ligado. Mas você sabe, né, você perdeu uma grande oportunidade de gerar toda uma expectativa até o fim do dia.

 

- Qual o sentido? (Ele ri) Eu não quero joguinhos com você. Eu só tive vontade e liguei. Acho que não tem nada de errado nisso. Tem?

 

- Não, claro que não. Essa sou eu reagindo à algo incomum. Incomum e fofo.

 

- É. Vai acostumando porque eu tenho essa mania besta de ser incomum e fofo.

 

Ela sorri silenciosa. Mesmo sem ruídos, ele sabe que ela está sorrindo.

 

- Quer tomar uma cerveja mais tarde?

 

- Aceito, mas preciso saber de uma coisa.

 

- Manda.

 

- Quando a gente se encontrar, vai rolar um beijo no rosto ou na boca?

 

- ...como?

 

- É que sempre tem aquele impasse de segundo encontro, né? Teoricamente a gente já se beijou hoje, eram 3h quando cheguei em casa... mas ainda assim, se a gente vai com intenções diferentes e rola um beijo desencontrado, fica aquele desconforto de pelo menos 30 segundos... mentalmente a gente leva a mão à testa: "droga! ele ia beijar na boca!" e sei lá... eu só pensei que se a gente combinasse antes, podia evitar esse constrangimento...

 

Grato pelo advento do telefone que ainda impede que as pessoas enxerguem a expressão de quem está do outro lado da linha, ele suspira e responde.

 

- Ok. Não vejo mal nenhum em ser na boca. Pode confiar que eu não vou desviar.

 

- Ótimo.

 

- Que horas posso te pegar?

 

- Só mais uma coisinha. Já que você vem me pegar e a gente vai descer do carro juntos rumo ao bar, só me esclareça se a gente vai andar de mão dadas ou não.

 

- Por que a gente não espera pra sentir na hora, Natália?

 

- Porque não funciona. É o mesmo caso do beijo desencontrado.

 

- Então me diz, o que você prefere?

 

- Ah, eu prefiro mão dada. E ao contrário do que a maioria de vocês acredita, não tem nada a ver com "demonstrações de compromisso sério". É por conforto mesmo. Ninguém anda na rua super à vontade calculando a distância que tem que manter do outro. E muito menos tentando lugares alternativos pra se botar a mão. Não me venha segurar pela nuca, ou se apoiar no meu ombro, por exemplo. Dá muita agonia. Pode ficar tranquilo que por mãos dadas eu não entendo que é preciso encomendar as alianças.

 

- Ok, Natália. Enquanto houver uma calçada pra ser caminhada, ela será caminhada de mãos dadas. Combinado? Mais alguma solicitação?

 

- O beijo.

 

- O beijo? Você quer combinar o beijo?

 

- É. Ontem a gente bebeu um pouco e talvez isso tenha interferido, mas só pra assegurar que algumas coisas não se repitam, a gente pode combinar que língua enrijecida não ajuda em nada.

 

- Do que você tá falando?

 

- Que não precisa deixar a língua tensa, querido. Nem usar aquele método "mixer".

 

- Que diabo de método "mixer"?

 

- Aquele em que você deixa a língua girando, sem parar... tipo, minha boca não é uma betoneira. Dá náuseas, sabe?

 

- Escuta, você tem certeza de que já saiu com outros caras antes?

 

- Claro, e nenhum deles batia dente. É muito desagradável. Acho que se você for com calma, a coisa acontece, não tem porque se desesperar durant...

 

- Olha, Natália, acho que é melhor a gente cancelar essa cerveja, ok? Acabei de lembrar que tenho um compromisso inadiável. A gente se fala, tudo bem?

 

- Poxa... você tá me dando um fora antes mesmo de me conhecer direito?

 

- Acho que conheci o suficiente.

 

- Ok, é um direito seu. Mas posso pedir uma coisa?

 

- Por que não, né?

 

- Assim, já que a gente frequenta os mesmos lugares, vez ou outra a gente vai acabar se encontrando e vai ficar aquele clima chato de fingir que não se viu, ou de dar um "oi" falso como se nada tivesse acontecido... a gente podia estabelecer regras de como a gente se comporta quando estivermos com amigos em comum ou como evitar que você, desavisado, acabe beijando uma amiga minha por aí e...

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publicado às 02:03

Shrink your penis

por the fazz, em 18.04.10

Não é feminismo, praga, preconceito, nem supertição. Mas esses dias eu fiz um ensaio e percebi que o mundo seria um lugar melhor se, da noite pro dia, muitos paus diminuíssem consideravelmente de tamanho. Vejam bem, quero deixar claro que muitos, e não todos, trariam algum benefício pra humanidade, e desviando de algumas pedras, tentarei explicar porque.

 

Tudo começou há alguns dias, numa reunião com dois chefes. Um deles estava fazendo aquele desabafo pasteurizado do quanto nós mulheres somos difíceis, ininteligíveis, desequilibradas, bipolareszzzzzz...

 

- Eu disse inocentemente pra minha esposa que gostava dela. "Gosta? GOSTA?", ela pergunta, ensadecida. E eu pensei "fudeu". E vocês sabem, quando a gente tenta consertar, a coisa só piora. Eu confirmei "sim, gosto, claro, você é legal" e antes que eu terminasse, ela já dizia que era assim mesmo, que estamos há mais de 10 anos juntos e eu só "gosto" dela. Que era injusto ela me amar e eu só "gostar" e achar ela legal". Que loucura, não é, minha gente? Como se uma palavra tão simples pudesse definir ou arruinar de vez um relacionamento... vocês são mesmo loucas.

 

Aí aconteceu o que eu tava torcendo pra não acontecer. Ele pediu minha opinião e eu refleti 1.4 segundos, afinal, era pro meu chefe que eu diria:

 

- Pensa só. É como se você quisesse saber o que ela acha do seu pau e ela ussasse o seu entusiasmo pra dizer: "Gosto. É legal".

 

E então houve o maior silêncio que se pôde fazer na Terra. Eu senti uma tentativa de retaliação se construindo, e esperei por ela. Mas pra minha surpresa, ela não veio. Eles entenderam, e como mágica, não reagiram. Apenas sorriram e diante daquela rendição, eu não tive outra saída senão imaginar um mundo onde todo prejuízo fosse pago com o tamanho do pênis de toda a humanidade.

 

"Acho que você deu uma engordadinha" seria o equivalente a "acho que seu pau deu uma encolhida". Quando disséssemos "querido, seria bom fazer uma depilação íntima de vez em quando" e ele replicasse "isso é coisa de viado" bastaria acrescentar" com certeza seu pau vai parecer maior" e colher os resultados.

 

Comecei a voar alto e em poucos segundos já imaginava os impactos de algumas notícias: "Estudos realizados pela Universidade de Sheffield, no Reino Unido revela que galanteios de mau gosto dirigidos à mulheres desconhecidas (as famosas "cantadas de pedreiro") fazem o órgão sexual masculino retrair de 0,5 a 2 cm para cada investida". "Corrupção pode ameaçar a virilidade de políticos, revela estudo britânico". Em outra matéria, a Universidade da Califórnia em São Francisco diria em letras garrafais: "Homens fiéis têm em média 5 cm de vantagem peniana sobre homens infiéis." Haveria um levantamento histórico revelando a medida exata do órgão genital de figuras como Hitler, Sadam Hussein e Pinochet. Gráficos e tabelas comprovariam matematicamente a equação "tamanho do pênis x perversidade".

 

Em algum documentário, cenas de câmera escondida mostrariam Bush e seu conselheiro especial Kevin J. Bergner tendo um importante e esclarecedor diálogo: "Sr. Bush, compreendemos a importância da invasão do Iraque, no entanto, compreenda que isso pode acarretar numa diminuição média de 6 centímetros não só no seu excelentíssimo pênis, mas também no de todo o exército americano, senhor".

 

E assim, fatalmente, violência, estupros, sequestros, corrupção e guerras estariam praticamente resolvidos. Afinal, o código penal não tem feito muita coisa por nós, e o que é o pavor de se tornar prisioneiro perto da eficiência de se tornar um eunuco, não é, minha gente?

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publicado às 06:17


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