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- Ai, Vã, é ele! Ali, comendo salgadinho à direita da mesa.
- Qual?
- O de listrado. Seja discreta!
- Hum... bonitão.
- O que eu faço?
- Como assim?
- Pra chamar a atenção dele! Preciso fazer alguma coisa pra ele me notar aqui!
- Já sei! Olha pra TV e grita gol.
Criei um documento entitulado "Pedro diz". Trata-se exatamente disso. Pedro diz coisas lindas que merecem ser registradas e é criminosamente modesto demais para publicá-las no blog. À medida que a lista vai crescendo, eu imagino que se transforma num daqueles livrinhos de sabedoria. Desses que geralmente ficam no balcão de algum restaurante indiano. Enquanto você paga a conta, a simpática senhora no caixa a convence a abrir uma página. Você fica sem graça com a situação porque está sendo coagida a reanimar o fio de esperança necessário para investir nesse minuto, nesse bom presságio. Ela sorri, elucidativa, enquanto empurra o livrinho pra você, como se você não tivesse escolha já que a máquina do VISA ainda está ocupada. Você torce pra que não saiam frases do tipo "plante mais árvores". Há dias tão cinzas que tudo que você espera é que um livro desses te surpreenda com um "derrube duas árvores".
Ainda não há uma edição impressa de "Pedro diz". Na realidade, o documento não tem mais do que uma página. O documento também existe porque Pedro não está diuturnamente online. Então eu uso a mão do lado intuitivo para escolher uma frase. Fecho os olhos e a ponta do meu dedo direito pressiona alguns pixels na tela iluminada do Word. Abro os olhos e está lá. Uma frase mágica e a marca da minha digital engordurada no monitor.
"Tenho tantas saudades desse seu disco riscado", Pedro diz. E ainda assim, tão descontextualizado, faz minha alma iluminar-se.
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