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Fiquei de longe, observando-a, tomando o devido cuidado pra que ela não percebesse. Tracei uma rota estratégica que fugisse do seu campo de visão. Atravessei a catraca do metrô e continuei espreitando de um lugar seguro. Apenas pra colher o luxo de detalhes que deixa escapar uma pessoa que espera ansiosamente por outra. Fiquei extasiado só de acompanhar seus olhos inquietos conferindo o relógio da estação, e depois fazendo diversos testes para descobrir de que lado a franja lhe caía melhor, e depois conferindo novamente o plano geral. Lutou contra a rigidez do corpo ansioso. Eu sabia que ela estava estudando posturas de uma pessoa relaxada, ensaiando mentalmente o desprendimento de quem responde "magina, acabei de chegar!" sem por um momento perceber que eu estava ali, esperando o momento perfeito pra me aproximar. E então completei a volta, me esgueirando por trás dos outros usuários do metrô, movi-me involuntariamente ao seu encontro. Eu estava inebriado. Acredite, o que me moveu até ali foi irrefreável. Abracei-a ternamente, beijando-lhe a nuca. Ela aceitou minhas carícias, pressionou meus braços em torno da sua cintura. Ainda estava sorrindo quando finalmente volveu o corpo pra mim. E então reconheceu que eu não era quem ela esperava, atingiu-me em cheio os colhões e gritou "tarado! socorro!" pela estação, deixando-me indefeso no chão emborrachado.
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