Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Algumas pessoas não sabem pronunciar o nome "Fabíola". Simplesmente não conseguem e não importa quantos esforços de repetição exaustiva eu faça. Quando eu era pequena, detestava meu nome. Faria tudo para ter um nome comum como Marta ou Paula. Achava um infortúnio ser sempre a única Fabíola da classe, às vezes, da escola. Encontrei apenas uma Fabíola bonita na vida. As outras eram bem feias, até mesmo as fictícias. Que eu me lembre, houve duas novelas com personagens batizadas com meu nome. Numa delas, havia uma mulher de meia idade, alvo de chacotas porque usava peruca. Na outra, Evandro Mesquita se passava por cabeleireiro homossexual. Fabíolo. Que desastre. A maioria esmagadora de pessoas que não sabem pronunciar meu nome são porteiros. Faobila. Fabília. Fabíia. E eu juro que isso não é preconceito, é estatístico. Assim também padecem, naturalmente, os gringos. Fabiuuula. Fabióóóóla. E alguns ruídos impronunciáveis. Americanos, uruguaios, ingleses, bolivianos e nordestinos, submetidos ao mesmo constrangimento que meus pais amenizaram quando preferiram "Fabíola" a Eloá. (Eloá! Por Deus...) Mas então, eis que surge a primeira real oportunidade de usar tudo isso a meu favor. Aproxima-se lentamente com uma confiança equivocada, o rapaz nada atraente que tem me olhado a noite inteira. Ele pergunta meu nome. Eu respondo triunfante: FAOBILA. Como? Faobila. Não é Fabíola? Não senhor. Faobila mesmo. E não bebi uma só gota de álcool. Ele perde o interesse instantaneamente, e se retira com um sorriso debochado. Ninguém sai ferido.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.