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Era um beijo planejado. Tinha até hora marcada pra acontecer. Todos os sábados e domingos, às 20h. No começo era constrangedor. Com a repetição de ensaios, passou a ser corriqueiro aos olhos menos atentos. Difícil mesmo era fingir que fingiam um beijo. Estariam absolutamente protegidos sob todos os subterfúgios cênicos: estariam imersos nas personagens, estariam emprestando o corpo para uma verdade, estariam se empenhando em nome da catarse do público. Até que um dia, ela percebeu que foi longe demais. Até que um dia, ele percebeu que foi longe demais. Ao fim do ato, sobrava uma naturalidade encenada e uma incógnita nos lábios. No fundo, eles bem sabiam e resistiam reconhecer: aquele beijo era mesmo real.
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